Branco
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Jadielson Dos Santos Lima

Branco nasceu em 1987 na cidade alagoana de Penedo

Crescendo com o avô, trabalhou desde a infância no campo, em um ambiente onde a natureza é tudo menos que generosa, aonde a seca também murcha os cactos e castiga homens e animais, aonde durante meses e meses se sobrevive com algumas gotas de agua.

Seu sonho era ir para o sul e conhecer sua mãe que partiu em busca de trabalho quando ele ainda era muito jovem. Ele chegou a São Paulo aos 15 anos e conseguiu conhecer sua mãe que mora com outras crianças em um dos subúrbios pobres da grande metrópole.

Um dos irmãos, trabalhava como manobrista em um luxuoso bairro de São Paulo, e o convenceu a aceitar o mesmo emprego. Durante esse tempo como frentista na rua Oscar Freire, um artista que trabalhava há 30 anos naquela mesma estrada o nota.

Este é o Tonico Mendonça, que o vê e o convida a trabalhar com ele na sua oficina de molduras. Branco inicia assim seu primeiro contato com as telas. Em momentos de pouco trabalho ele quer voltar para as ruas mas Tonico com intuição o mantém entre os pincéis.

Tonico percebeu imediatamente o imenso prazer do menino ao pintar, sua agilidade com o pincel denota um desejo irreprimível de se expressar através de imagens, desenhos e símbolos. Uma espécie de caligrafia pessoal e única.

A casa de Tonico logo se torna sua e no mesmo espaço entre a loja e a casa, um canto com uma mesa velha se torna seu atelier. Era 2009 quando Branco pintou a primeira tela.

Branco nunca tinha tido qualquer tipo de experiência criativa. Nesse sentido, continua sendo um talento em estado bruto, vive e cria suas pinturas artisticamente isoladas do que acontece no mundo da arte. Deste contexto advém o carácter particularmente individual da sua obra, tão único que continua a ser difícil classificá-lo.

Ele não pode ser definido como um artista popular, ou seja, aqueles artistas que atuam no campo do artesanato cujas obras, sempre figurativas, estão ligadas a aspectos da realidade externa em que vivem. A única realidade que pode ser encontrada nas telas de Branco é interna, pertence ao seu universo mental, que se manifesta sobretudo através de figuras inventadas, formas abstratas, grafismos que lembram Mirò, esboços semelhantes aos do Grupo Cobra, imagens com um arquétipo sabor, semelhante aos das cavernas das populações pré-históricas.

Se é verdade que suas primeiras telas tinham algo de infantil, de uma fantasia colorida, salta aos olhos que posteriormente ela partiu para uma invenção desordenada, nada medida, às vezes trêmula, excessiva e às vezes dramática, definitivamente distante da delicada beleza do ingênuo. Isso é o que você vê em suas pinturas hoje: mais guerra (na forma) do que paz.

O único título que podemos dar a ele é o de artista espontâneo, termo que define um modo de ser e a relação que mantém com suas criações. Nenhuma explicação pode ser obtida dele sobre as origens e o significado de sua iconografia, ele não sabe o que dizer, ele não pode converter em palavras nenhum aspecto de uma experiência de uma vida única e misteriosa. A sua é uma forma real de comunicação, uma comunicação que lê e escreve através de imagens e símbolos espontâneos.

É ele quem diz que suas pinturas nascem de um movimento da mão, ou melhor, de um pincel que flui espontaneamente na tela, como quando um de nós escreve um texto espontaneamente, sem pensar senão nos espaços e na cor do a caneta utilizada. Seus desenhos são uma espécie de alfabeto iconográfico espontâneo que só pode ser decifrado pelas pessoas mais sensíveis que veem nas imagens algo que não tem pretensões, que não precisa de esforço para ser compreendido, que transcende o real para se localizar no inconsciente de cada um de nós.

A sua beleza, a força atrativa e a experiência estética inequívoca das pinturas de Branco provocam uma resposta livre e imediata à sensibilidade de cada um de nós. Branco serve para nos ensinar a rever o universo ao nosso redor com novos olhos.


Olivio Tavares de Araujo

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